Hoje, li uma postagem no Jalopnik (www.jalopnik.com.br) Brasil que me deixa cada vez mais indignado... é má notícia, atrás de má notícia... abaixo na integra a máteria:
O fim do acordo comercial com o México favorece quem?
*Era uma vez no México....
A essa altura do campeonato, todo mundo já soube que o governo brasileiro decidiu interromper – ou pelo menos modificar – o acordo automotivo mantido com o México por ordem da presidente Dilma Rousseff. A presidente estaria incomodada com o aumento do déficit entre os dois países, que supera 1,5 bilhão de dólares. Segundo o governo, algumas marcas aqui instaladas passaram a importar veículos do México para evitar os 35% do imposto de importação, que voltariam a ser cobrados com o fim do acordo.
Mas o que pode acontecer de verdade com o mercado, e quem se beneficiaria com as mudanças? Surpresa: dessa vez, não são os fabricantes nacionais os favorecidos.
Um dos fatores que afetam nossa balança comercial com o México é a desvalorização do dólar – e a consequente valorização do real. Em palavras diretas: o produto brasileiro é caro no exterior. Mas economistas e industriários afirmam que esta valorização do real afeta pouco o mercado. De acordo com eles o problema estaria no chamado “Custo Brasil”. É caro produzir no Brasil.
Um recente estudo feito pela consultoria PriceWaterhouseCoopers, encomendado pela Anfavea, revelou que produzir um carro no Brasil é 33,3% mais caro que no México e 60% mais caro que na China. Um exemplo prático desse quadro é o levantamento do custo da energia industrial em 27 países – concorrentes e parceiros do Brasil – feito pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Os resultados são literalmente chocantes: nos EUA o custo do megawatt-hora (MWh) é de 125 reais; na China, 142 reais; Coreia, 171 reais; Alemanha, 213 reais; e no Brasil (melhor sentar) 329 reais. E temos entre várias fontes de energia a maior usina hidrelétrica do mundo.
A questão, contudo, vai muito além de não podermos mais comprar carros vindos do México a preços relativamente razoáveis. Na ocasião do aumento do IPI para veículos importados os consumidores especularam sobre uma eventual pressão das grandes fabricantes brasileiras, que estariam incomodadas com o crescimento dos coreanos e chineses, que juntos representam quase 27 % dos veículos importados e teriam exigido medidas protecionistas.
Mas a decisão de terminar o acordo comercial com o México põe sob suspeita essa suposição, uma vez que as fabricantes trazem os veículos mexicanos para maximizar lucros – já que a produção do carro é 33,3% mais barata por lá e os carros são vendidos a um preço final mais elevado devido ao posicionamento no mercado brasileiro.
Caso essa medida entre mesmo em vigor, as marcas que importam carros do México (praticamente todas as grandes hoje em dia) seriam bastante prejudicadas, pois o parque industrial brasileiro hoje simplesmente não dá conta de atender ao mercado interno. Uma medida como essa não protegeria a indústria brasileira: ela iria acabar com a lucratividade do excedente. Como acabamos de mostrar, fabricar carro no Brasil custa caro e muitas vezes não vale a pena. Mesmo aumentando ainda mais o preço dos veículos nacionais, elas teriam uma queda significativa no volume de negócios. Veríamos uma retração das vendas, um leque de opções menor para o consumidor, revendas negociando menos, seguradoras também… enfim, toda uma cadeia produtiva e de serviços que seria afetada.
Mas o que pode acontecer de verdade com o mercado, e quem se beneficiaria com as mudanças? Surpresa: dessa vez, não são os fabricantes nacionais os favorecidos.
Um dos fatores que afetam nossa balança comercial com o México é a desvalorização do dólar – e a consequente valorização do real. Em palavras diretas: o produto brasileiro é caro no exterior. Mas economistas e industriários afirmam que esta valorização do real afeta pouco o mercado. De acordo com eles o problema estaria no chamado “Custo Brasil”. É caro produzir no Brasil.
Um recente estudo feito pela consultoria PriceWaterhouseCoopers, encomendado pela Anfavea, revelou que produzir um carro no Brasil é 33,3% mais caro que no México e 60% mais caro que na China. Um exemplo prático desse quadro é o levantamento do custo da energia industrial em 27 países – concorrentes e parceiros do Brasil – feito pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Os resultados são literalmente chocantes: nos EUA o custo do megawatt-hora (MWh) é de 125 reais; na China, 142 reais; Coreia, 171 reais; Alemanha, 213 reais; e no Brasil (melhor sentar) 329 reais. E temos entre várias fontes de energia a maior usina hidrelétrica do mundo.
A questão, contudo, vai muito além de não podermos mais comprar carros vindos do México a preços relativamente razoáveis. Na ocasião do aumento do IPI para veículos importados os consumidores especularam sobre uma eventual pressão das grandes fabricantes brasileiras, que estariam incomodadas com o crescimento dos coreanos e chineses, que juntos representam quase 27 % dos veículos importados e teriam exigido medidas protecionistas.
Mas a decisão de terminar o acordo comercial com o México põe sob suspeita essa suposição, uma vez que as fabricantes trazem os veículos mexicanos para maximizar lucros – já que a produção do carro é 33,3% mais barata por lá e os carros são vendidos a um preço final mais elevado devido ao posicionamento no mercado brasileiro.
Caso essa medida entre mesmo em vigor, as marcas que importam carros do México (praticamente todas as grandes hoje em dia) seriam bastante prejudicadas, pois o parque industrial brasileiro hoje simplesmente não dá conta de atender ao mercado interno. Uma medida como essa não protegeria a indústria brasileira: ela iria acabar com a lucratividade do excedente. Como acabamos de mostrar, fabricar carro no Brasil custa caro e muitas vezes não vale a pena. Mesmo aumentando ainda mais o preço dos veículos nacionais, elas teriam uma queda significativa no volume de negócios. Veríamos uma retração das vendas, um leque de opções menor para o consumidor, revendas negociando menos, seguradoras também… enfim, toda uma cadeia produtiva e de serviços que seria afetada.
Então quem será favorecido com o eventual fim deste acordo? Não são as fabricantes, que lucram horrores com suas importações do México, nem o consumidor, que pode adquirir automóveis um pouco (só um pouco) menos caros. O único beneficiado seria o governo, que veria sua arrecadação de impostos aumentar.
Os brasileiros compraram 3,6 milhões de automóveis em 2011 e cada um deles pagou, em média, 38,5% em impostos ao Estado. Os importados representam 200.000 veículos dessa soma, sendo que 92.000 destes pagaram 35% de imposto de importação, enquanto que os 80.000 veículos vindos da Argentina e os 28.000 do México foram isentos. Considerando que o mexicano mais barato a venda no país é o Nissan March, de 27.790 reais, o fim do acordo pode render mais de 300 milhões de reais em impostos de importação caso o número de vendas seja mantido – o que não deve ocorrer.
A este valor, ainda deve ser somado o montante dos 30% do aumento do IPI dos carros importados de marcas não isentas do aumento. Aparentemente, o Estado está usando medidas protecionistas como desculpa para gerar a receita necessária para alimentar uma estrutura dispendiosa e nada enxuta. Mas isso não deve acontecer.
Apesar da decisão ter sido tomada sem consulta ao Ministério das Relações Exteriores, a medida curiosamente não foi questionada pelo México. Pelo contrário: por iniciativa do próprio governo mexicano, conversações já foram iniciadas em alto nível pelos presidentes dos dois países. Isso deixa claro que o México não vai permitir que esse acordo simplesmente vá para o ralo, afetando seriamente sua economia. Dilma Rousseff deu um susto no parceiro, que acusou o golpe e já se mostra aberto a realizar alterações para que a balança comercial não seja tão desequilibrada.
A solução provavelmente passa por acordos de livre comércio que incluam outros setores onde o Brasil possa de fato exportar para o México, como o de alimentos, matérias-primas, maquinários, autopeças e outros produtos industrializados. Veja o caso da Argentina: apesar de os automóveis feitos na terra dos hermanos representarem disparado a maior fatia de importações de veículos por aqui, a balança comercial continua a ser favorável ao Brasil – a ponto de os argentinos reclamarem disso constantemente.
Nosso palpite é de que, no final das contas, feitas as devidas negociações, nada vai mudar no mercado automotivo brasileiro . Do contrário, certamente teríamos um embate gigantesco entre as matrizes das grandes fabricantes de automóveis – o segmento econômico que remeteu inacreditáveis 5,58 bilhões de dólares de lucros para o exterior em 2011 – e o governo.
Cledorvino Belini, presidente da Fiat e da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), aquele mesmo executivo que defendeu o aumento do IPI como essencial para a indústria brasileira, nessa semana fez questão de dizer que “o rompimento desse acordo com o México seria o pior possível” – outro sinal de que ele não deve ocorrer. O governo não pode ser tão burro a ponto de comprar essa briga e desacelerar todo o setor só para arrecadar mais de impostos de um lado da corda.
Ou pode?
Créditos: jalopnik
http://www.jalopnik.com.br/conteudo/o-fim-do-acordo-comercial-com-o-mexico-favorece-quem
Gráfico: Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário